Em meio ao aumento das restrições para o crédito nos bancos, os consórcios de veículos e imóveis registram expansão na adesão em 2015.
De janeiro a agosto, a venda de novas cotas imobiliárias cresceu 46,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 155,6 mil, de acordo com dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). No caso de veículos leves, a expansão foi de 20,3% (625,5 mil novas cotas).
A crise econômica e o aumento da inadimplência tornaram as instituições financeiras mais conservadoras na hora de conceder crédito. A Caixa Econômica Federal, líder no financiamento imobiliário à pessoa física, subiu os juros três vezes neste ano.
Com o aumento na procura, a participação potencial dos consórcios no total de compras de veículos e imóveis cresceu no primeiro semestre.
Para Vitor Bonvino, presidente nacional da Abac, o ganho não pode ser explicado só pela redução nos financiamentos. “Pode haver uma migração, em princípio, mas o mecanismo do consórcio é muito diferente. Não são operações comparáveis”, diz.
Na sua avaliação, a modalidade se beneficia do aumento da educação financeira. Mas também pode sofrer se a deterioração econômica continuar.
JUROS
Diferentemente do financiamento, no consórcio o participante não paga juros, mas precisa arcar com os custos da taxa de administração. As parcelas ainda são corrigidas anualmente pela inflação –portanto, aumentam ao longo do tempo–, assim como o dinheiro da contemplação.
A diferença de custo foi o fator decisivo para a consultora de moda Karine Souza, 30, ao avaliar as opções para quitar um imóvel comprado na planta há dois anos. “Os juros subiram e, ao fazer as simulações, percebi que a parcela do consórcio sairia mais barata”, diz.
Souza comprou a cota do consórcio em maio e, por sorte, foi contemplada já em julho –o pagamento será feito em novembro. Mas, segundo Prata, do Canal do Crédito, a modalidade não é indicada para casos como o dela. “Consórcio não serve para quem quer crédito rápido”, afirma.
A variação no preço do imóvel no período do consórcio é outro ponto a ser observado. Se houver valorização acima da inflação, a modalidade deixa de valer a pena.
Para adiantar a contemplação, existem duas formas: os lances e os sorteios, que acontecem em todas as assembleias do grupo.
Para veículos, o valor necessário varia, em média, entre 20% e 30% do preço do carro, diz Bonvino.
No caso de imóveis, o lance costuma ser ainda maior, mas o trabalhador pode contar com o reforço do saldo acumulado no FGTS.
Fonte: Folha Online – 19/10/2015